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A Balada do Rohirrim - Cap 5 - Fuga sob o Luar

  • Cléo Lourenço
  • 1 de out. de 2017
  • 4 min de leitura

Atualizado: 19 de set. de 2021

Image: Edoras, As duas torres, filme

Capítulo 5: Fuga sob o Luar


Apesar de, inicialmente, ter parecido aceitar a proposta de Alec para acompanhá-la em suas cavalgadas noturnas em troca de sigilo sobre o seu segredo, Ellanor não estava nem um pouco inclinada a permitir ser vigiada pelo Rohirrim.

Por isso, depois de dias sem se atrever a sair em suas aventuras, com medo do que poderia acontecer, ela finalmente decidiu que não cederia à “chantagem” de Alec. Preferia enfrentar o pai ao ter de cavalgar com aquele capitão mandão em seu encalço dizendo-lhe o que poderia ou não fazer “para seu bem e segurança”. A graça em cavalgar era poder se livrar de sua condição. Era sentir-se capaz de conquistar o mundo, como a maioria dos cavaleiros conquistavam em suas guerras. Estava decidida, não importava se ele a entregaria a Sor Grant, ela não deixaria que lhe tolhesse a liberdade sem ao menos lutar.


Desta forma, se preparou mais uma vez para sair. Porém, desta vez, tomou precauções para não chamar tanto a atenção. O disfarce de “fantasma de Mathur” acabara se mostrando como um chamariz, ao invés de afastar os problemas. Assim, deixou a pesada armadura do pai muito bem guardada onde deveria estar e preferiu se vestir com as vestes comuns masculinas, roubadas do baú de seu pai, que era o menor homem da casa e, por mais que lhe ficassem folgadas, era melhor do que as vestes do gigante Halled, seu irmão mais velho. Por cima de tudo, um manto escuro com capuz, que lhe ajudava a se camuflar na escuridão. Outra medida tomada pela moça foi se assegurar de que Alec não estaria no quartel naquele dia. Apesar de achar que ele devia acreditar que ela desistira de cavalgar, certificar-se de que o capitão estava longe, lhe garantia de que dificilmente alguém a surpreenderia. Era uma vantagem a mais a seu favor para continuar livremente com seus passeios. Portanto, amparada pelo plano perfeito, a garota partiu, mais uma vez.


Para Ellanor, não foi difícil deixar a própria casa na calada da noite. Conhecia como ninguém os hábitos de cada morador e sabia muito bem como driblar os criados, bem como seu pai e irmãos. Escolheu, pois, a hora em que toda a casa estava em absoluto silêncio e se esgueirou entre as sombras como costumava fazer desde criança quando desejava fazer alguma traquinagem. Já havia feito aquilo tantas vezes que não encontrou nenhum problema.


Igualmente fácil foi vencer a distância entre sua casa para os estábulos. Ellanor não morava longe de Meduseld, a casa do senhor de Rohan, e mesmo que seus caminhos fossem vigiados pelos soldados responsáveis pela ronda, ela conseguia se deslocar por fora das ruas pavimentadas e, ainda assim, evitar descer as encostas íngremes, percorrendo com seguranças entre as moradias até alcançar seu objetivo sem ter que se expor e sem maiores surpresas.


Tudo acontecia impecavelmente como a moça havia planejado. Apesar da adrenalina de se arriscar tanto, ela experimentava, ao mesmo tempo, a sensação de liberdade que a tomava por completo e a impulsionava a continuar com sua paixão. Logo avistou o belíssimo corcel que estava acostumada a montar. Apesar de nem sempre escolher ele para suas fugas, ela sentia que tinha algum tipo de conexão especial com este cavalo. Tratava-se de um garanhão de pelo branco e gênio forte, fazia muito lembrar-se de si mesma, pois ele sempre estava ansioso para sair do cercado.


Aproximou-se silenciosamente dele e acariciou o magnífico animal que pareceu reconhecê-la quando simplesmente deixou-se tocar pelas mãos finas e delicadas. Depois o preparou para montá-lo: arreios, sela, todos os apetrechos colocados de forma hábil e delicada por sobre o cavalo, que colaborava silenciosamente enquanto ela se preparava para libertá-los.


Guiou o cavalo até um pequeno riacho que cortava parte do cercado e, com cuidado, se embrenhou por entre a vegetação próxima. Depois, encontrou sem dificuldades o exato local onde uma cerca estava solta e, por ali, saiu com a montaria.

Porém, ao invés de correr pela planície, como era seu costume fazer, ela se decidiu por descer um pouco mais o vale, tomando o caminho para o Abismo de Helm e, assim, evitar que fosse vista.


Ellanor, que já conseguia ver o campo acinzentado sob a luz pálida da lua de inverno, sentiu seu coração se agitar. Seu espírito já antevia a sensação de cavalgar por aqueles campos de infinita beleza quando avistou, meio camuflado pela vegetação ainda existente ali, um cavaleiro montado como se estivesse à sua espera. Apesar da luz fraca, não precisou se aproximar mais para reconhecer a égua marrom-avermelhada e o forte eorlinga que a montava. Ele estava sem sua armadura e se vestia com roupas comuns. Uma capa o protegia do frio, assim como a que ela usava, mas ela ainda podia ver a espada que estava guardada no alforge da sela. Surpresa e contrariada com a presença inesperada do rohirrim, ela diminuiu a marcha de seu cavalo, mas encaminhou-se para ele com um semblante pouco amistoso.


Por sua vez, Alec acenou um cumprimento formal e direcionou sua montaria para acompanhá-la. Porém, ao notar que ela diminuía a velocidade ao ponto de praticamente parar no meio do caminho, se virou e a olhou com um tom de irritante tranquilidade:


- Você não vem mais?


A jovem direcionou o cavalo até parar diante do eorlinga e o confrontou olhando-o nos olhos:


- O que você está fazendo aqui?


O rohirrim a olhou com simplicidade, como se não estivesse compreendendo o questionamento da garota. Então apenas respondeu:


- Foi o que combinamos, não?


- Mas como você soube? - ela insistiu contrariada - Não havia como saber que eu viria hoje!


- Isso não importa, eu apenas soube. - ele respondeu colocando-se a caminho novamente - Venha, não vamos mais perder tempo aqui.


Ellanor o olhou por alguns instantes estudando as atitudes do capitão. Não conseguia compreender o que estava passando pela cabeça daquele homem. Apressou-se a ir ao lado dele e insistiu:


- Por que está fazendo isso?


Alec a olhou por alguns segundos como se fosse óbvia a resposta, porém, apenas voltou a olhar o caminho enquanto pronunciou:


- Por que agora eu já não posso mais apenas ignorar.


E silenciosamente continuaram a descida da encosta até ganharem os campos frios e solitários de Rohan.

Image by: Cheri Smith - comfort maps

Image by: Cheri Smith - Comfort maps



 
 
 

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